Com o retorno ao ensino presencial no IASC e em outros colégios do Brasil, as mudanças podem apresentar dificuldades para quem já está há mais de um ano na modalidade remota. Mesmo com o entusiasmo pela socialização ao vivo, há receios envolvidos entre as crianças e os adolescentes, que podem desencadear a ansiedade na volta às aulas.
Muitos jovens brasileiros enfrentaram dificuldades pessoais na pandemia, tanto com perda de pessoas próximas, vivência da doença e até ansiedade gerada pelo cenário de saúde. Além disso, houve dificuldade de adaptação a uma nova realidade, estudando em casa sem colegas.
Sendo assim, é natural que haja um período de adaptação ao ensino híbrido e que, mesmo com o colégio tomando todas as precauções pela saúde e segurança da comunidade, alguns alunos ainda apresentem essa ansiedade , que pode ser caraterizada como a “síndrome da gaiola”: a gaiola está aberta, mas o pássaro não quer voar.
No entanto, é importante lembrar que a oportunidade de estar presente na escola, mesmo com horários reduzidos, pode ajudar e muito a saúde mental dos alunos e que, aos poucos, o cenário está parecendo ser mais promissor.
Dessa forma, o IASC quer reforçar o compromisso tanto em preservar a saúde coletiva quanto incentivar os alunos, pais e a equipe a falar sobre a saúde mental e os desafios para a socialização ao vivo depois de tanto tempo.
O psicólogo Alison Ribeiro, responsável pelo programa Eduque Emoções , explica que há muito ânimo dos alunos para voltar à escola, mas que é importante, do ponto de vista da saúde mental, sentir se há também receios e ansiedades.
“No próximo encontro”, explica ele, fazendo referência às conversas de acolhimento que promove com os alunos, “vamos trabalhar justamente essa questão da volta às aulas semipresenciais, híbridas. Vamos buscar saber principalmente o que eles pensam, identificar se há distorções sobre este retorno, vendo como algo bom ou ruim, como algo agradável, desagradável, tentar investigar isso com eles.”
Alison conta que o mesmo já foi feito com profissionais da equipe da escola e com familiares dos alunos, o que ampliou o diálogo sobre essa faceta do retorno. Assim como a importância de frisar as regras práticas dessa fase, é essencial estar atento a problemas emocionais. Dessa forma, todos podem se sentir mais seguros e acolhidos no processo.
O especialista explica também que a ansiedade em relação à retomada é normal e esperada, frente às dificuldades que os alunos viveram. “Alguns já são mais ansiosos, vêm de um contexto familiar mais ansioso. Ou alunos que perderam entes queridos também”, comenta ele. “Estes alunos tendem a ficar mais ansiosos mesmo, mais amedrontados.”
Alison enxerga como papel da escola e da equipe pedagógica explicar para esses estudantes que, mesmo com os medos, todas as medidas responsáveis estão sendo tomadas e que há benefícios em voltar, mesmo que gradativamente, às aulas presenciais.
“Nós pretendemos justamente fortalecer este trabalho de explicar que as pessoas estão sendo vacinadas. Basicamente os pais já estão sendo vacinados e isso tende a gerar um conforto”, diz o psicólogo. “À medida que formos trabalhando, intervindo dessa forma, mostrando pra eles a realidade, mostrando também todos os cuidados que nós teremos como instituição, eles tendem a ficar mais confortáveis”, ressalta.
Para garantir o aproveitamento de todos e preservar a saúde física e mental dos alunos, o IASC está seguindo protocolos especializados no ensino híbrido. Os alunos serão orientados continuamente sobre as regras e as boas práticas.
Por isso, frisamos o cuidado com a saúde e, para mostrar aos alunos que ainda vivem ansiedade com socialização fora de casa, a equipe também mostrará todas as regras para as famílias. Assim, com o trabalho em conjunto, escola e família podem mostrar que, seguindo os protocolos, não é preciso se preocupar.
Atividades de contato e alto risco não serão realizadas e, seguindo as orientações das autoridades sanitárias, os alunos contarão com amplo distanciamento em sala, assim como ambientes sempre limpos e higienizados.
Ainda que a socialização ao vivo tenha ficado de lado durante a pandemia, Alison explica que é dialogando sobre sentimentos que os alunos se beneficiam de escuta atenta. Durante o isolamento, com tantas perdas e receios, muitos jovens se sentiram mais solitários, por não ter contato próximo e momentos leves com amigos durante o período letivo.
Ele prevê dois encontros com alunos na volta às aulas. Um sobre regras da convivência e segurança, claro. Mas o outro, de acordo com ele, “é de acolhimento mesmo, de criar uma sintonia, de se reconectar com esses alunos agora de um modo presencial e falar sobre emoções.”
Outro ponto que o psicólogo acha importante frisar é que é uma fase, pela qual os alunos precisam passar, mas que eles não enfrentarão essa ansiedade sozinhos: terão apoio da escola e das famílias.
“Acredito que as principais ferramentas são a escuta e a comunicação”, explica Alison. De acordo com ele, a melhor forma de adultos, sejam eles da família ou da escola, auxiliarem os jovens nesse processo é deixando-os falar sobre seus medos.
Ele aconselha que os pais criem o espaço, desde casa, para escutar genuinamente o que está fazendo com que a criança tenha dificuldade na volta às aulas e, com acesso às informações sobre a retomada, explicar os cuidados que estão sendo tomados.
Em casos que a ansiedade tome conta do aluno e gere maior angústia, é importante também que os pais estejam atentos. Quando isso está prejudicando o bem-estar, pode ser necessário buscar ajuda psicológica profissional, que ajude o aluno a desenvolver mecanismos para enfrentar sua ansiedade.
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