A agressividade nos primeiros anos escolares é uma temática muito relevante para alunos, professores e famílias.
Mesmo alunos que não demonstram agressividade recorrente podem lidar com o problema, que se reflete em menor aproveitamento escolar, dificuldade em socialização e momentos desagradáveis em sala de aula.
No entanto, existem estratégias para minimizar o problema e, frente a comportamentos agressivos, acolher a criança e evitar casos de estresse. De acordo com a pesquisa “Agressividade no Contexto Escolar”, apresentada no XII Congresso Nacional da Educação, o ambiente escolar em que o aluno está incluído pode aumentar a agressividade, razão pela qual intervenções de professores e diretores são fundamentais para melhorar o convívio e o aproveitamento do aluno.
“É comum, por exemplo, em alguns momentos, a criança bater o brinquedo com um pouco mais de força, jogar algo longe ou puxar os cabelos de pessoas que estão próximas”, explica Taciana Carvalho, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e Primeiros Anos do Ensino Fundamental. “Essas reações não necessariamente sinalizam algum tipo de agressividade, sendo apenas uma forma de explorar o mundo e testar como as coisas funcionam”.
Segundo Taciana, certo nível de agressividade é comum nas pessoas e, justamente pela falta de maturidade na infância, não é necessariamente um reflexo de tendências maiores.
“Quem convive com crianças pequenas, principalmente aquelas que ainda não conseguem dominar a comunicação verbal, sabe que é muito comum reações com mordidas, tapas, puxões de cabelo ou gritos quando não conseguem aquilo que querem, ou se estão incomodadas”, conta ela, que convive diariamente com essa faixa etária.
Porém, conforme expõe a coordenadora, conforme a expressão vai ficando mais acessível para as crianças, quando elas já amadureceram a fala e sabem se estabelecer socialmente, os comportamentos agressivos tendem a diminuir.
Existem diferentes fatores dentro e fora da escola que podem contribuir para o quadro de agressividade na criança. Muitos deles estão ligados à família e outras pessoas com quem a criança convive, a exemplo de brigas entre adultos, familiares agressivos, mudanças na estrutura em casa, chegada de um irmão, escola nova, etc. Trata-se de situações que geram estresse, e é importante ressaltar que, quando a criança tem como modelos pessoas agressivas, tende a responder desta forma.
Esse contexto é muito importante para adultos que acompanham o desenvolvimento da criança, sejam pais, professores ou familiares. Taciana aponta que, se alguém da convivência próxima da criança demonstra comportamento agressivo, a criança consequentemente reproduz esse tipo de atitude também, porque é assim que ela entenderá que é a convivência normal entre as pessoas.
Taciana acredita que o primeiro passo é estabelecer uma relação de confiança com a criança. A partir disso, ela se sentirá confortável para conversar. É por meio dessas conversas que o adulto pode ajudar na conscientização, ou seja, demonstrar para a criança que determinada atitude foi errada.
Existem duas partes essenciais dessas conversas, diz a orientadora. A primeira é dar oportunidade para que a criança se expresse. “Mostre que você entende o que ela está dizendo e pondere com ela sobre as melhores soluções para o problema que ela apresenta”. Quando a criança está frustrada, é fundamental parar e ajudá-la a lidar com as emoções.
Além disso, é preciso levá-la ao entendimento das consequências, para prevenir que o problema se repita. “Mostre à criança os prejuízos de uma ação agressiva, para que ela compreenda o motivo de não ser algo bom a se fazer”, afirma Taciana. Isso evita que ela aja sem pensar no futuro.
“É necessário também que a criança aprenda a assumir a responsabilidade sobre as suas ações e, na medida do possível, repare os danos”, continua. “Se machucou o colega, cuidar do ferimento logo depois é uma boa alternativa”.
Com algumas pequenas mudanças e maior abertura para o diálogo, os adultos previnem que a criança chegue a um estado emocional que não consegue expressar e que se transforma em atitudes agressivas. Auxiliam a conter a impulsividade e a imaturidade em situações de estresse, ensinamentos importantes dos primeiros anos de vida.
Crianças precisam de estímulos para liberar energia, socializar e aprender. No contexto escolar, assim como em casa, é importante incentivá-las a se expressar de forma saudável, e existem diferentes atividades que podem ajudar.
Taciana indica atividades físicas como correr, pular ou dançar livremente. “São ótimas para acalmar”, frisa. Como alternativas, existem atividades orientadas, que exigem foco, colaboração e disciplina, tais como natação, futebol, artes marciais, etc.
Na escola, os professores e orientadores estão sempre atentos a sinais mais sérios de agressividade. Ainda que certo nível seja normal e esperado na fase de desenvolvimento, o excesso pode prejudicar tanto o aprendizado quanto as relações sociais e a saúde mental do aluno.
Já em casa, os pais devem ficar atentos. “Se a criança sempre reage a tudo com birras e agressões, é preciso ter um cuidado maior. Quando esses comportamentos passam a ser permanentes, é sinal de que aquela criança está vivendo alguma situação desagradável com a qual ela não está conseguindo lidar”, explica Taciana.
Esses comportamentos acabam atrapalhando a criança em casa e na escola, gerando frustração para todos. Por isso, a orientadora salienta que, se as atitudes estão saindo do normal, é preciso procurar uma ajuda psicológica para observar o comportamento da criança e fazer, caso necessário, intervenções terapêuticas, a fim de que ela se sinta mais acolhida, consiga se expressar e lidar com seus sentimentos de forma saudável.
Leia mais sobre a importância de falar sobre saúde mental na escola!
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